Um texto sobre protagonismo, mudança e mariposas

Israel Alves
3 min readApr 28, 2019

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Inglaterra, em algum lugar do século 19.

Muros escurecidos pela fuligem das chaminés industriais. Milhares de trabalhadores se descolavam de suas camas rumo aos galpões da cidade.

Enquanto isso, os pássaros arregalavam os olhos em busca de um vestígio. E as mariposas vivenciavam um drama: os tempos mudaram, era hora de se camuflar.

Apesar do fundo romântico, nossa história expressa uma situação vivenciada por uma população de mariposas na Revolução Industrial.

Melanismo Industrial

A fuligem das chaminés impregnava-se no líquen, escurecendo os troncos e os expondo. Assim, as mariposas mais escuras passaram a camuflar-se e a se proteger dos predadores.

Essas mariposas obtiveram maior probabilidade de sobreviver, deixando descendentes mais escuros.

As mariposas brancas, como se pode intuir, ficavam visíveis ao olhar predatório, facilitando a caçada, passando a viver menos tempo e deixando uma prole menor.

Com o andar das gerações, a frequência das mariposas negras foi aumentando gradativamente e, em 1898, elas já representavam 98% de toda a população.

Recentemente, alguns pesquisadores da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, identificaram e dataram a mutação genética que originou a versão negra da mariposa.

Tais descobertas solucionaram um quebra-cabeça deste clássico exemplo de seleção natural.

Em um outro estudo publicado pela revista Nature, os cientistas descobriram que uma mutação de um “gene saltador” foi responsável pela variação escura.

Com o uso de estatística e métodos para análise de DNA, os pesquisadores descobriram que esta mudança genética ocorreu por volta de 1819, o que é consistente com o registro histórico.

Os chamados “jumping genes” são segmentos móveis de DNA que, em uma mutação, podem mudar sua posição dentro de um genoma e mudar a expressão de outros genes.

É hora de pensar!

Não é hora de se deixar levar pelo darwinismo social muito comum em épocas passadas, essa não é a nossa proposta, vamos com calma…

A história das mariposas na revolução industrial é muito interessante e ela funciona apenas como uma metáfora para a mudança.

Como assim?

Ora, não precisamos esperar uma geração inteira para mudar nossas configurações (modo de pensar e agir, por exemplo) e assumir um protagonismo capaz de nos colocar ao alcance do mercado e longe dos nossos predadores (leia-se maus hábitos).

Nosso protagonismo começa, antes de tudo, quando decidimos trabalhar para melhorar aquilo que nos desperta. E por mais difícil que possa parecer, sempre haverá uma sensação de aprendizado, um gosto de estar no caminho certo!

Ao contrário das mariposas, não precisamos contar com a “boa” e lenta vontade da seleção natural e seus truques.

O exemplo das mariposas é interessante na medida em que compreendemos os efeitos da mudança.

Eis a nossa sorte! Podemos mudar a qualquer instante e a mágica mora bem aqui.

Se o caminho fosse fácil, não o chamaríamos de mudança.

Estou escrevendo tudo isso apenas porque acredito realmente na mudança.

Pode até parecer uma conversa fiada (pensei assim por muito tempo), mas, ao contrário do que a gente imagina, a nossa capacidade de transformação é muito, muito grande.

Este texto é o primeiro de uma série de Insights que decidi escrever a partir de hoje! A referência das mariposas me apareceu em uma conversa em sala de aula, na disciplina de Inovação.

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